Superstar - Capítulo Três

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"Edward?"

"Sim?"

"Preciso de sua ajuda", comecei. "Estou com uma música nova, e quero seus arranjos perfeitos nela. Podemos conversar?"

"Claro, querida. Venha até o estúdio e vamos dar uma olhada na sua música."

"Valeu! Ah, olha, não quero que a Anne saiba de nada."

"Querida, Anne é sua produtora. Ela vai ficar louca se souber que está fazendo isso sem consultá-la."

"Na verdade, Ed, eu já consultei. E ela detestou. Mas, como eu sou rica e tenho dinheiro, vou produzir eu mesma essa música."

"Megan, Anne e a produtora dela detêm os direitos sobre você, sua imagem, sua música. Você pertence a ela, entendeu?"


A gravidade na voz de Edward me surpreendeu. Ele sempre é alegre e extrovertido. Mas aquilo que ele me falava eu já sabia, e não iria me perturbar nem me demover de meu propósito.

"Eu já tomei minha decisão. Com a Anne eu  me viro. E a Kim vai me dar cobertura."

"Aquela sua assistente meio desbaratada? Querida, você vai ser descoberta rapidamente. E outra coisa: como pretende divulgar essa música se está fazendo todo esse segredo?"

"Não se preocupe com isso, Eddie. Produza a música para mim, e depois eu farei a divulgação no meu site. Tenho certeza que a repercussão dos fãs vai fazer Anne mudar de ideia."

"Ok. Então, quando poderá vir?"

"Estou meio enrolada com a turnê, mas faltam poucos shows. Assim que eu chegar na cidade eu te procuro, pode ser?"

"Você sempre terá prioridade, querida! Espero você então."

"Ótimo!"

Eu estava radiante. Parecia que finalmente meu sonho inicial seria realizado. Desde a infância eu queria ser uma superstar, uma cantora pop de sucesso. E consegui o que queria. Saí de um lugar nenhum e estou aqui, no topo do mundo. Moro numa das melhores mansões em Hamptons e faço no mínimo uma turnê por ano. Meu último álbum foi lançado no início do ano e, já em meados de agosto, estamos planejando o próximo. Minha carreira é perfeita, na opinião de vários críticos.

Mas não posso compor minhas próprias músicas sem antes passarem pelo crivo de Anne, minha produtora. Ela diz saber o que é melhor para mim, mas nem mesmo escuta minhas ideias para videoclips, shows, etc.

Eu queria fazer algo diferente, mas até a cor dos meus cabelos é escolhida a dedo.

Isso foi um dos maiores problemas. Eu adorava o tom castanho cor de mel que meus cabelos tinham, quando finalmente assinei com a gravadora e conheci Anne, minha produtora. Ela cuidaria da minha imagem, e a primeira coisa que fiz foi mudar o tom caramelo para um platinado loiro, quase branco. Eu detestei, mas, segundo ela, era esse o tipo de cabelo que chamaria atenção. O cabelo de uma diva.

Suspirei. Estava cansada de ter todos os meus passos ditados por ela. Eu já tinha 26 anos, e desde os treze ela me dominava. Eu queria mandar em mim mesma, e iria começar por aquela música.

"Revolution", falei alto para o espelho do meu quarto. "Este será o nome de meu novo single. Revolution. Farei uma revolução em minha carreira, custe o que custar."

Sorri para uma nova Megan que me encarava de volta, esperançosa.

***



Não demorou muito, a turnê acabou e minhas fotos recentes foram publicadas. Novamente, fui chamada para várias entrevistas, como sempre acontecia ao final de cada turnê, e foram marcados mais compromissos em minha agenda. Entre um compromisso e outro, pude terminar minha música, e criar alguns arranjos para ela. E então, voltei para minha cidade.

Dois dias depois, eu me reuni com Edward e mostrei Revolution a ele.

"Megan, essa música é incrível! Não sabia que você compunha!"

Eu sorri. "Pouca gente sabe. Geralmente, canto músicas previamente separadas para mim. Você sabe, eu tenho meus próprios compositores, mas estou cansada de cantar sobre o que eles sempre escrevem. Parece que sou uma vadia!"

Edward sorriu gostosamente. "Bitch, você é uma vadia. Mas isso é só um personagem. Você faz sucesso assim, com roupas minúsculas, essa sua bunda maravilhosa e esse corpo perfeito de bailarina. Aliás, como você consegue cantar e dançar ao mesmo tempo?"

"Você não sabe? Pois é... eu não canto ao vivo. Não me deixam. Anne acha que posso estragar tudo. Mas ela não sabe... eu consigo cantar ao vivo e muito bem. Minha voz ainda é muito boa. Ela só não deixa, tem medo de ficar sons de respiração entrecortada... enfim. Mas não é isso o que acontece em todos os shows ao vivo?"

"Eu sei, eu sei. Na verdade, nunca entendi a razão disso tudo... Mas, garota, essa música vai fazer muito sucesso. Já estou começando a criar em cima dela. Poderíamos colocar uma pegada mais militar, misturando as batidas com o bom e velho pop. Você vai ficar incrível, já posso imaginar."

Eu estava radiante. Aquela havia sido uma tarde maravilhosa, e definimos tudo para a música. Na semana seguinte eu já poderia gravar os vocais.

Anne detestaria. Mas eu estava fazendo minha própria revolução. Eu tomaria as rédeas da minha carreira, eu sabia como fazer isso. Todos os meus fãs amariam minha música, e eu me sentiria viva outra vez.

***

A semana se passou rápido, e logo chegou o dia de gravações. Eu disfarcei, mas eu sabia que Anne sabia de algo. Havia momentos do meu dia que eu tinha a sensação de estar sendo seguida. Mesmo com seguranças, eu sabia que havia algo mais. Eu não me sentia bem nem em minha própria casa.

Assim que terminamos as gravações, participei das mixagens dando minha opinião em tudo. Fiz questão de participar de cada processo, e Edward ficou muito intrigado e surpreso com minha desenvoltura e habilidade para esse tipo de trabalho.

"Menina, você deveria trabalhar com produção de músicas. Você poderia até estudar engenharia de som. Você é muito boa nesse trabalho!"

"Obrigada, Eddie!"

Feliz, consegui o que queria. Com o single em mãos, agora era pensar na divulgação. A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi publicar em meu site pessoal, com alguns informativos para os fãs. A música ainda não estava à venda, mas era apenas um trecho para que pudessem dizer as opiniões.

Em uma hora já choviam likes e milhares de fãs de todas as partes do mundo estavam enlouquecidos pela música.

Claro, nada disso passou despercebido para minha produtora.



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