Resenha - Alma Celta



Eu estava na Livraria Cultura, quando me deparei com este livro. Era janeiro, eu nem tinha ideia que ele seria lançado. Quando li a capa, uma jornada Fantasy Rock, me interessei por dois motivos. O primeiro é que eu já estou numa vibe celta há alguns meses, lendo muito sobre o assunto, pesquisando e também ouvindo músicas folk na área celta. Segundo, porque a música que mais escuto é realmente o folk metal, e minha banda preferida na área é o Eluveitie.

Então, imagine quando vi o livro, que prometia também várias plataformas como música, literatura, desenho, RPG, videogame, shows e artes cênicas, fiquei super interessada. Não pensei duas vezes e comprei o livro.

Não me arrependi.

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O livro faz parte do projeto Marmor, do músico Marcelo Moreira, baterista da banda Almah. Ele reuniu vários músicos e artistas de diversas áreas. O livro foi escrito por um artista, os desenhos feitos por outros, etc.

O livro vem com um CD, e cada faixa do CD corresponde a um capítulo. Antes de cada capítulo tem um desenho preto e branco, como o da foto acima, mas no site deles pode-se ver os desenhos coloridos. No final de cada capítulo, a letra e a tradução da música correspondente.


No final do livro, notas a respeito de termos e nomes, bem como referências da mitologia e cultura celtas, e a explicação destes. Também traz referências bibliográficas e desenhos de todos os componentes do projeto Marmor.



O melhor do livro para mim foi a primeira parte, com os Aspectos Históricos e Mitológicos. Muitas informações bacanas e interessantes, um trabalho de pesquisa de primeira qualidade. Depois, mergulhar na história de Amergin e suas aventuras, combatendo humanos e Thuatha de Dannan, seres mitológicos etc. E ainda usufruir de desenhos muito legais e das músicas.

Então, vou falar das músicas.

Pois é...



Para ser sincera, eu esperava mais do disco. Não que não seja bem produzido e trabalhado, não é isso. Ao contrário. As músicas são muito bem feitas, o trabalho de estúdio foi primoroso, tem muita coisa legal mesmo, a gente vê que houve responsabilidade com o trabalho. Músicos de alta qualidade (destaque para os violinos que estavam impecáveis).

Quando à ideia inicial, depois eu soube, através de entrevistas com o Marcelo Moreira, idealizador do projeto, que era ter um disco com músicas épicas, que remetessem imediatamente a uma trilha sonora, como se você estivesse vendo a aventura por um filme. Isso funcionou...

Minha ressalva é que, de celta, as músicas só tem as letras e algumas passagens. Destaco lindamente a segunda faixa, perfeita, completamente celta, violinos belíssimos. Todas as letras de todas as músicas eram condizentes com as lendas e com o capítulo. Mas as músicas não tinham uma pegada celta, o que eu senti muita falta, já que o nome desta fase do projeto é justamente Alma Celta.



Acho que exigi demais por ouvir muito Eluveitie?

Acho que não. De qualquer forma, o que dizer da música The Secret Sea? A música começa perfeita! Uma introdução muito instigante, que de repente vira um "samba-do-crioulo-doido"! Sinceramente, não sei onde o Marcelo estava com a cabeça! Até porque essa parte nem tem nada a ver com o resto da música, pois logo depois, quando começa a cantar, ela volta ao normal, como no início. Depois, na ponte para o refrão, a música vira uma salsa (!!!), com direito a pianinho e tudo. A menos que eles ligaram de alguma forma o samba e a salsa com o povo celta, eu não entendi.

A música fica em uma parte importante do texto, e tinha tudo a ver (se tirassem as partes citadas, que não fazem a menor falta). Tem inclusive um interlúdio maravilhoso com o violino, trazendo uma aura perfeita. Mas, vira novamente salsa maluca.

A música que tinha tudo para ser a melhor do CD acabou virando uma piada.

Mas, olhando pelo lado épico, ainda tirando The Secret Sea, o CD é muito bom. Mas ainda prefiro o Eluveitie.

Para que você tenha uma ideia do que estou falando, vou deixar aqui dois videos. O primeiro é a música de trabalho do Alma Celta, a faixa "17th Day of the Moon". O segundo é do Eluveitie, a faixa Helvetios, do cd Helvetios. A diferença básica, antes de você ver os vídeos é a seguinte: os vocais do Alma Celta são limpos, enquanto que o Eluveitie tem vocais urrados (com exceção da Anna Murphy que também canta limpo). Mas preste atenção na construção musical, como o Eluveitie trabalha os instrumentos antigos e tradicionais, perfeitamente casados com os instrumentos modernos, além de mesclar os antigos ritmos criando o Folk Metal.

Se você não gosta de vocais urrados, sugiro que pule para o terceiro vídeo, com a música Omnos, também do Eluveitie, desta vez com Anna Murphy no vocal. Compare o primeiro com os demais e você vai entender minha crítica. E no final de todos os vídeos, deixo o vídeo The Secret Sea (o da música que eu critiquei acima), para você ouvir.

No mais, amei Alma Celta, estou ansiosa pelos próximos (haverá mais), além do show, que trará figurinos e encenações no palco. Este projeto é promissor e PROMETE MUITO!!! Ansiosa!










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2 comentários:

  1. Olá Débora, tudo bom?!
    Obrigado pela resenha. Mostra que você realmente leu e mergulhou fundo no projeto!
    Colo aqui a resposta que dei em um comentário em nosso full album no youtube, pois se encaixa perfeitamente (espero que você não me leve a mal por isso):

    "O álbum é baseado no livro Alma Celta. Funciona como trilha sonora, mas também pode ser apreciado de forma independente. Somos um projeto brasileiro e fazer algo baseado somente na cultura celta já é algo diferenciado por aqui, porém, pelo fato de sermos brasileiros, a nossa musicalidade e influências vão além da música celta exclusivamente. Por tanto, para nós não faria sentido criar um livro inspirado na cultura celta e a sua trilha sonora ser exclusivamente celta. A nosso ver soaria redundante. Tente encarar como algo novo, um choque de culturas mesmo, afinal somos contemporâneos a toda a história!"

    Olhando o seu ponto de vista, entendo perfeitamente o fato de você ter gostado da segunda música (From My Heart), pois realmente é a música mais celta do projeto, inclusive com o uso de Hurdy Curdy na estrofe (esse instrumento é demais, não?!?! :D)
    Também não queremos ser o "Eluveitie brasileiro", queremos ser o Marmor!
    Mais uma vez obrigado pela publicação e pelo review.
    Um grande abraço. Alexei Leão (baixista e produtor).

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    Respostas
    1. Oi, Alexei! Muito obrigado pelo comentário.
      Concordo com você, e entendo esse lado mesmo, eu vi a entrevista e inclusive comentei que era essa a ideia, de ser uma trilha sonora. A segunda faixa é demais, e realmente viajamos no projeto. Eu já li o livro duas vezes, e a gente sempre escuta o disco por aqui. E de vez em quando eu uso o próprio livro como consulta, pois gostei muito da parte de Aspectos Históricos e Mitológicos (como eu já falei), é muito completa e teve um aprofundamento muito legal (parabenizo o grupo por isso).

      O instrumento hurdy curdy é o MÁXIMO!!! rsrsrs

      E com certeza, não precisam ser nada além de vocês mesmos. Aprecio bastante o grupo, e minha crítica foi só com relação a uma das músicas, mas a proposta de ser uma trilha sonora fez bastante efeito, e a produção do disco é primorosa, de muito boa qualidade. Parabéns!

      Abraços, e aguardamos o próximo trabalho do projeto, que já fiquei sabendo, tem um aprofundamento na cultura nórdica, que eu também gosto muito.

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